sexta-feira, 18 de julho de 2008

Estreia da Coreografia Beautiful People de Rui Horta


Foto: Estúdio Quattro






Reportagem de Paula Henriques
Foto de Teresa Gonçalves


O novo trabalho do dançando com a diferença é forte. Promete arRebatar muitas salas
Data: 15-06-2008 / Categoria: 5 Sentidos / Pág: 31

Não foi preciso perguntar ontem ao público presente no Centro das Artes o que achou de 'Beautiful People' para perceber que foram conquistados. As palmas de pé durante vários minutos foram suficientes para mostrar a mais que aprovação da plateia ao novo trabalho do Dançando com a Diferença, assinado por Rui Horta.

Momentos muito fortes de palavras e gestos, um jogo de luz a condizer e actuações à altura não deixaram dúvidas sobre a qualidade desta nova produção, que pode ver (apenas) hoje, pelas 17 horas, neste mesmo espaço. Foi com mais nervosismo do que em qualquer ocasião anterior que Rui Horta esperou pela estreia do seu novo trabalho, confessou antes do espectáculo. "Penso que a obra é uma cor nova no repertório do grupo", começou por dizer. O coreógrafo coloca 'Beautiful People' na linha do trabalho de Clara Andermatt, mas em que a realidade é mostrada de forma ainda mais crua. "Não pretende esconder a deficiência ou embrulhá-la num envelope bonitinho, mas explanar a condição daquele corpo", explicou. Rui Horta pretendeu com esta criação "ir mais longe no território da beleza", fazendo um apelo ao segundo olhar. Não à beleza estereotipada, o bonito plástico, exterior, como define, mas à beleza interior, humana, onde há lugar para as deficiências e as diferenças se esgotam.

Apesar de profundamente satisfeito com o resultado, Rui Horta lamenta não ter tido oportunidade de trabalhar mais este espectáculo, com 'novas cores, novas abordagens'.

Mais dança inclusiva

A obra, inicialmente prevista para meia hora, acabou por ficar com 45 minutos e sente que "poderia ser mais". No fim, ficou o sabor, que o levou a assumir que quer voltar a trabalhar com o Dançando com a Diferença, através do qual encontrou novas formas de trabalhar e descobriu em si a vontade de aprofundar esta linha.

Depois desta primeira experiência, o coreógrafo decidiu continuar a coreografar para companhias inclusivas. A decisão resultou deste cruzamento entre o conceituado artista e a companhia de dança madeirense. "Nasci para este desejo", disse. Durante vários anos, revelou, havia recusado o convite de várias companhias mundiais para trabalhar com artistas portadores de deficiência, entre elas a famosa Cando.co, em Londres, e apenas abriu a excepção para a madeirense dada a insistência do director do Dançando com a Diferença que ao longo de três anos não desistiu de o trazer. O resultado ficou à vista e estará em digressão, em princípio, durante 2009.